segunda-feira, 23 de maio de 2016

LINGUAGENS DOS SONHOS

Uma das coisas mais fascinantes de estudar a obra de Freud é a sensação de que “o que não quer dizer nada sempre quer dizer alguma coisa”. Talvez vocês já tenham ouvido a frase “Freud explica”, que quer dizer que Freud explica tudo, ou quase tudo. E para falarmos sobre a genialidade de Freud, gostaria hoje de compartilhar alguns trechos e ideias contidas no livro A Interpretação dos Sonhos, publicado pela primeira vez em 1900.

A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS ANTES DE FREUD

Basicamente, podemos falar em dois tipos de interpretação antes da psicanálise: a interpretação por decifração e a interpretação simbólica. O primeiro tipo de interpretação é encontrado nos famosos dicionários de sonhos. Se eu sonho com jacaré significa que eu devo tomar cuidado com pessoas falsas. Se eu sonho com cadáver, significa que eu estou realizando um desejo oculto e assim por diante.
A questão é que interpretar o sonho dessa forma é uma arbitrariedade. Não há uma lógica que possa ser defendida por trás dos significados de cada elemento. Por que jacaré não pode significar um contato com o divino e o sagrado (como em algumas culturas)? Por que cadáver não pode significar o medo da morte ou uma doença?
Bem, como era de se esperar, este tipo de significação acabou trazendo para a interpretação dos sonhos uma má reputação.
O segundo tipo, a interpretação simbólica, pode ser encontrada em sonhos, digamos, mais proféticos, que indicam um desenrolar dos eventos futuros. O exemplo mais fácil e mais conhecido é a interpretação de José do sonho do faraó, descrito no Gênesis. O faraó sonha o seguinte Gênesis 41:17-24:
“Eis que em meu sonho estava eu em pé na margem do rio, E eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado. E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista e magras de carne; não tenho visto outras tais, quanto à fealdade, em toda a terra do Egito. E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas; E entravam em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem entrado; porque o seu parecer era feio como no princípio. Então acordei. Depois vi em meu sonho, e eis que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas; E eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas. E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu contei isso aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse”.
José então, como sabemos, interpreta as sete vagas gordas como símbolo da fartura dos próximos sete anos e as sete vagas magras como símbolo da fome que adviria logo em seguida.
Este tipo de interpretação dos sonhos, a interpretação simbólica, sempre foi muito admirada e louvada. O único problema é que seria necessário para que a interpretação se realizasse um sujeito especialmente capaz, intuitivo, místico ou espiritual. De outro modo, o sonho continua sem interpretação.

A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS DE FREUD

No Interpretação dos Sonhos, Freud introduz um elemento para a interpretação até então inédito, ou seja, ele é o primeiro autor a considerar um elemento a mais para fazer a análise da nossa vida onírica. Além do conteúdo manifesto do sonho – o que contamos sobre o que acabamos de sonhar – Freud também leva em conta as associações do próprio sonhador.
Temos, portanto, dois elementos agora:
1) o conteúdo manifesto – o que o sonhador conta, a narrativa do sonho tal qual o sonho é lembrado ao acordar ou nos dias seguintes;
2) o conteúdo latente – que é o significado do sonho, depois de analisado.
Para chegar ao conteúdo latente, o analista parte das associações individuais do sonhador de cada parte do que sonhou. No capítulo II, Análise de um sonho modelo, Freud escreve:
“Nosso primeiro passo no emprego desse método nos ensina que o que devemos tomar como objeto de nossa atenção não é o sonho como um todo, mas partes separadas de seu conteúdo. Quando digo ao paciente ainda novato: “Que é que lhe ocorre em relação a esse sonho?”, seu horizonte mental costuma transformar-se num vazio. No entanto, se colocar diante dele o sonho fracionado, ele me dará uma série de associações para cada fração, que poderiam ser descritas como os “pensamentos de fundo” dessa parte específica do sonho”.
Assim, cada elemento do sonho deve ser separado dos demais e para cada elemento devemos buscar as associações individuais para os elementos, para as partes do sonho. Por isso, o que contamos ao acordar, o conteúdo manifesto, praticamente nunca vai trazer logo de início o significado subjacente do sonho. Existem sim sonhos que são claros e até fáceis de entender, mas a maior parte vai precisar das associações individuais para que se possa descobrir o significado real, por trás do conteúdo manifesto.
Por exemplo, Freud relata um sonho de uma paciente. No sonho, ela via o seu sobrinho morto, em um caixão. A princípio, não podemos dizer nada sobre o significado do sonho, sem as associações da sonhadora.
Deste modo, Freud começa a pedir para que ela associasse, dissesse o que cada elemento do sonho a fazia lembrar e pensar. E logo chegaram ao sentido do sonho: realmente, há pouco tempo, um outro sobrinho seu havia falecido e naquela ocasião uma pessoa por quem ela era apaixonada apareceu no enterro.  Com isto, o que o sonho mostrava é que ela desejava ver novamente a pessoa por quem ela era apaixonada e que, por motivos alheios à sua vontade, não conseguira estabelecer um relacionamento amoroso.
Portanto, entre o conteúdo manifesto e o conteúdo latente nós temos as associações:
Conteúdo manifesto: sobrinho morto em um caixão
Associações:
Sobrinho: sobrinho morto (há pouco tempo). No enterro do sobrinho: presença do homem por quem era apaixonada.
Conteúdo latente: desejo de reencontrar o homem por quem era apaixonada.
Importante: na perspectiva da psicanálise de Freud, portanto, a interpretação é sempre individual. Cada pessoa é que vai associar aos elementos do que sonhou outras representações.
Esta paciente do Freud sonhou com caixão e pode associar a presença de um pretendente. Outra pessoa poderia sonhar com caixão e lembrar do avô, outra pessoa poderia sonhar com caixão e se lembrar do tempo em que trabalhou em uma funerária, quer dizer, a associação de cada elemento de um sonho vai ser sempre de cada um, vai ser sempre individual.

LIVRO: CÓDIGO HAMURABI E A LEI DE MOISÉS

O Escriba Valdemir publicou o livro CÓDIGO HAMURABI E A LEI DE MOISÉS, este livro pode ser comprado pelo endereço eletrônico abaixo,  ou lido gratuitamente  logo a seguir.

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Número de páginas: 137 

Edição: 1(2016) 

ISBN: 978-1533413420 

Formato: A5 148x210 

Coloração: Preto e branco 

Acabamento: Brochura c/ orelha 

Tipo de papel: Offset 75g




O código de Hamurabi foi escrito cinco séculos antes de Moisés; e os pontos de semelhança mostram que uma das fontes da legislação mosaica foi o fundo de leis desenvolvidas pelas culturas semíticas durante um longo período de tempo. Pode-se dizer que as leis civis de Moisés ocupam cerca de quarenta parágrafos em Êxodo 21-23; em Levítico 18-20, um pouco mais do que vinte parágrafos; em Deuteronômio 12-16, cerca de noventa parágrafos. O material, desse modo, mostra ser bastante completo, embora não exageradamente longo. Esses cento e cinquenta parágrafos são menos do que os 282 parágrafos do código de Hamurabi. Todavia, estes dois códigos de leis da antiguidade, que remonta aos princípios da humanidade tem muitas semelhanças no que tange a aplicação da justiça. Este livro aborda o Código Hamurabi na íntegra e sempre comparando com a Torá, ou Pentateuco, ou os cinco livros de Moisés. A Lei de Moisés não era uma copia do Código Hamurabi, pois havia entre os dois códigos, definições diferentes sobre crimes e formas de punição.